Diário Intermitente da Pandemia do Novo Coronavírus SARS-CoV-2
José Manuel Catarino Soares
Em 26 de março de 2020 entrámos, em Portugal, na fase 3.2 de mitigação da pandemia
do coronavírus SARS-CoV-2. Decidi, por isso, iniciar hoje, domingo, dia 29 de
Março de 2020, um diário (intermitente) desta pandemia.
A motivação para o fazer é a de combater, tanto quanto está ao meu alcance
fazê-lo, a desinformação (Ingl. “fake news”), a ignorância, os mitos e as fabulações
conspirativas que circulam por aí, em catadupas e à velocidade da luz, sobre
esta pandemia — sobre as suas origens, as suas causas, a sua propagação, sobre
a forma de a combater, sobre as suas implicações, os seus efeitos e as suas consequências.
O meu ponto de vista será politológico — sendo a politologia (= o estudo sociológico da
política) concebida como o ramo cívico da ética, da praxiologia e da sociotecnologia.
A pandemia actual já mostrou ser um grande revelador de crenças,
comportamentos e hábitos profundamente enraizados mas falsos e contraproducentes.
Já mostrou também ser um grande revelador de imensas lacunas e confusões nos
conhecimentos científicos elementares da população, em particular no campo da biologia.
São esses aspectos que procurarei analisar e esclarecer, tanto quanto me for
possível fazê-lo. Espero com isso conseguir contribuir para aumentar a
capacidade de discernimento e levantar o moral dos leitores que visitem este
blogue, além de instruir-me a mim próprio.
Investigadores do novo Coronavírus no Centro Enshi para o Controlo e Prevenção da Doença (China). Fevereiro de 2020. Foto de Yang Shunpi Xinhua, Eyvine, Redudu. |
O Diário da Pandemia do novo coronovírus SARS-CoV-2 que agora inicio é intermitente porque não o escreverei todos os dias, mas só quando me parecer que tenho coisas para dizer suficientemente interessantes para serem ditas em público. É um diário que fundirá, dada
a sua índole, os diversos temas que estão inscritos no frontispício deste
blogue e abrangerá também outros temas que os ultrapassam. Assim sendo, constitui
uma ruptura com a linhagem dos artigos anteriores deste blogue que eram
tematicamente compartimentados.
Todavia, há uma coisa que se mantém constante: não consigo lembrar-me, na
presente conjuntura, de um assunto mais orwelliano do que a pandemia actual, em
ambos sentidos do adjectivo “orwelliano” (v. a coluna “Sobre George Orwell” à direita deste texto).