Estudo de Harvard conclui que Israel fez ‘desaparecer’ quase 400.000 palestinianos em Gaza, metade dos quais crianças: Relatório
(Tradução de Fernando Oliveira)
O estado da informação, ou melhor, da desinformação em Portugal leva-nos, cada vez mais, a procurar fora do país as fontes de que necessitamos para conhecer a realidade, para ter uma opinião. Foi assim que, nessa visita regular a um canal noticioso, me deparei com a referência à publicação no jornal online The Cradle.co ao estudo de Harvard, cuja tradução passo a apresentar.
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O
estudo realizado por um professor da Universidade Ben Gurion utiliza análises
baseada em dados e mapeamento espacial para destacar um grave declínio na
população de Gaza desde Outubro de 2023.
(in News Desk, 24 Junho, 2025)
Fonte da foto: AA |
Um estudo publicado
através de Harvard Dataverse revela
que Israel fez «desaparecer» pelo menos 377.000 palestinianos desde o início da
campanha genocida contra a Faixa de Gaza, em 2023.
Pensa-se
que metade deste número seja de crianças palestinianas.
O
relatório foi elaborado pelo professor israelita Yaakov Garb, que utilizou
análises baseadas em dados e mapeamento espacial para mostrar como o cerco
levado a cabo pelo exército israelita a Gaza e os ataques indiscriminados
contra civis no enclave levaram a uma redução significativa da sua população.
Os
377.000 palestinianos desaparecidos devido ao genocídio cometido por Israel
representam aproximadamente 17% da população total da Faixa de Gaza, que
actualmente é de cerca de 1,85 milhões. Antes da guerra em Gaza, estimava-se
que a população fosse de 2,227 milhões.
Embora
alguns tenham sido deslocados ou estejam desaparecidos, acredita-se que um
número significativo tenha sido morto pelas forças israelitas, segundo o
relatório.
O
professor observa que
o número oficial de mortos, 61.000, está claramente subavaliado, uma vez que as
vítimas que permanecem soterradas sob os escombros não estão incluídas.
No
relatório Garb condenou igualmente a Fundação Humanitária de Gaza (GHF) – um
controverso mecanismo de distribuição de ajuda humanitária criado entre os EUA
e Israel no mês passado.
«Estes
complexos de ajuda parecem reflectir uma lógica de controlo, não de
assistência, e seria um equívoco chamar-lhes ‘centros de distribuição de ajuda
humanitária’. São entidades que não seguem princípios humanitários, e grande
parte do projecto e da operação a que obedecem é orientada por outros
objectivos, que prejudicam o seu propósito declarado», afirmou Garb.
A
ONU acusou a GHF de ter sido criada com o objectivo de promover o deslocamento
forçado, e desde que iniciou as operações causou a morte de centenas de
palestinianos às mãos das forças de Israel.
O
relatório de Harvard não é a primeira indicação de que o número de mortos em
Gaza poderia, na verdade, ser muito superior ao que é relatado.
Em
Janeiro deste ano, a revista médica The Lancet deu
conta de um estudo no qual se revelava que o balanço de mortos pelo
genocídio de Israel em Gaza estava provavelmente subestimado em 41% nos
primeiros nove meses da guerra.
O
estudo de Janeiro realçou o facto de cerca de 59,1% das vítimas mortais serem
mulheres, crianças e idosos.
No ano anterior, em Julho de 2024, The Lancet afirmou que o ataque de Israel a Gaza poderia provocar entre 149.000 e 598.000.
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Análise dos números
de Israel mostra que assassinou até agora 377.000 palestinianos no decurso do
genocídio – metade são crianças
(Por
Skwawkbox [SW] 19/06/2025)
Um pai palestiniano em desespero mostra os restos mortais dos seus filhos em sacos de plástico. Fonte da imagem: The Skwawkbox. |
A
análise dos números de Israel mostra que assassinou até agora 377.000 palestinianos
durante o genocídio – metade são crianças.
As
tentativas de Israel de desvalorizar o número de mortos como «relatos falsos do
Hamas» foram expostas como uma mentira para esconder a terrível realidade.
Um
novo relatório da Universidade de Harvard confirmou o que os opositores do
genocídio de Israel em Gaza sempre souberam: que o número de pessoas
assassinadas por Israel em Gaza é muito superior ao número oficial de
mortos e que as tentativas propagandísticas de Israel no sentido de
desacreditar até mesmo os números oficiais afirmando que são exagerados não
passam de uma vergonhosa mentira.
O
balanço oficial de mortos em Gaza, próximo dos 60.000 até agora, foi sempre
claramente subestimado, porque o Ministério da Saúde de Gaza só conta os corpos
recuperados e levados para um hospital. Não estão incluídas as vítimas
soterradas sob os escombros ou despedaçadas, com os seus poucos restos mortais
recolhidos em sacos de plástico.
Mas
o relatório de
Yaakov Garb para o Harvard Dataverse analisou os dados das
próprias autoridades militares israelitas e combinou-os com um cuidados
mapeamento espacial para revelar uma história de terror demográfico: quase 400.000
pessoas – pelo menos 377.000 – desapareceram de um total de 2,227 milhões, que
seria a população de Gaza pré-genocídio, reduzindo-a a 1,85 milhões na
avaliação do estudo.
Israel
e os seus propagandistas de serviço procuraram desvalorizar o número oficial de
mortos dizendo que são propaganda palestiniana, mas quem testemunhou o
bombardeamento implacável, os tiroteios e a fome da campanha de extermínio de
Israel transmitida ao vivo sabe muito bem que os números tinham de ser muito
superiores aos oficiais.
Israel
assassinou quase uma em cada cinco pessoas inocentes de Gaza, incluindo mais de
150.000 crianças – considerando que metade da população de Gaza é composta por
crianças.
Israel é um Estado terrorista. Keir Starmer e todos os “governantes” que colaboraram no genocídio devem ser julgados [no Tribunal Penal Internacional] em Haia.