Tema 3
Em memória de Daniel Ellsberg
José
Catarino Soares
Daniel Ellsberg morreu ontem, aos 92 anos, vítima de um cancro pancreático.
Em 1971 [ver comentários], Ellsberg, um consultor da Rand
Corporation, divulgou os chamados Pentagon Papers — 7.000 páginas de
documentos ultra-secretos sobre a intervenção militar dos EUA no Vietnam de
1945 a 1967, incluindo as trapaças e mentiras de cinco presidentes americanos
sobre esse assunto e os preparativos americanos para uma guerra nuclear contra
a China em 1958. Henry Kissinger [1] apelidou-o de «o homem mais
perigoso da América».
Este
corajoso lançador de alertas, que se arriscou a passar a vida inteira na prisão
para impedir uma guerra (a guerra no Vietnam), merecia ter sido galardoado com o Prémio Nobel da Paz pela sua incansável luta, de uma vida inteira,
pelo desarmamento nuclear universal. Mas nunca o foi, é claro, porque o Prémio
Nobel da Paz foi sequestrado e corrompido há muitos, muitos anos pelo comité norueguês,
em clamorosa violação do testamento de Alfred Nobel [2].
O último livro de Ellsberg, The Doomsday Machine: Confessions of a Nuclear War Planner (2017), é de leitura obrigatória. Mas duvido que seja traduzido para Português.
Daniel Ellsberg (à direita) e Julian Assange (à esquerda). Desconheço o nome do autor da foto e a data em que foi tirada. |
Notas
[1] Henry Kissinger, que festejou recentemente
os seus 100 anos, foi Conselheiro Nacional de Segurança e Ministro dos Negócios
Estrangeiros dos EUA durante as presidências de Gerald Ford e Richard Nixon.
[2] Ver José Catarino Soares, O pseudoprémio Nobel da
paz— edição de 2022. Tertúlia Orwelliana.
Arquivo do Blogue. 17 de Outubro de 2022.
Está correta a data inicial de 1961 de divulgação dos Panamá Papers?
ResponderEliminarSobre acontecimentos posteriores?
Corrijo Pentagon papers e não Panama
ResponderEliminarTem razão. Obrigado por ter assinalado o erro. A data correcta de divulgação dos Pentagon Papers é 1971, e não 1961, como eu, por lapso, escrevi. Já emendei o erro.
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